Catolicismo

O Catecismo Católico e os Muçulmanos

Por Matt Slick- Tradução David Brito

De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, nº 841, muçulmanos, juntamente com os católicos, “adoram o Deus único e misericordioso.” Isso não pode ser verdade. Os muçulmanos e católicos não adoram o mesmo Deus. A fim de fornecer contexto suficiente para a citação do Catecismo, citei 2 parágrafos antes e depois do parágrafo 841.

  • 839 “Os que ainda não receberam o Evangelho também se ordenam por diversos modos ao Povo de Deus.” (Parágrafo relacionado 856) A relação da Igreja com o Povo Hebreu. A Igreja, Povo de Deus na Nova Aliança, descobre, ao perscrutar seu próprio ministério, seus vínculos com o Povo Hebreu” a quem Deus falou em primeiro lugar”. Ao contrário das outras religiões não-cristãs, a fé hebraica já é resposta à revelação de Deus na Antiga Aliança. É ao Povo Hebreu que “pertencem a adoção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto, as promessas e os patriarcas, dos quais descende Cristo, segundo a carne” (Rm 9,4-5), pois “os dons e o chamado de Deus são sem arrependimento” (Rm 11, 29). (Parágrafos relacionados 63,147)
  • 840 De resto, quando se considera o futuro, o povo de Deus da Antiga Aliança e o novo Povo de Deus tendem para fins análogos: a espera da vinda (ou da volta) do Messias. Mas o que se espera é do lado dos cristãos, a volta do Messias, morto e ressuscitado, reconhecido como Senhor e Filho de Deus, e do lado dos hebreus, a vinda do Messias – cujos traços permanecem encobertos -, no fim dos tempos, espera esta acompanhada do drama da ignorância ou do desconhecimento de Cristo Jesus. (Parágrafos relacionados 674,597).
  • 841 As relações da Igreja com os muçulmanos. “Mas o plano de salvação abrange também aqueles que reconhecem o Criador. Entre eles, em primeiro lugar, os muçulmanos, que, professando manter a fé de Abraão, adoram conosco o Deus único, misericordioso, juiz dos homens no último dia.”
  • 842 O vínculo da Igreja com as religiões não-cristãs é primeiramente o da origem e do fim comuns do gênero humano: (Parágrafo relacionado 360) Com efeito, todos os povos constituem uma só comunidade. Têm uma origem comum, visto que Deus fez todo o gênero humano habitar a face da terra. Têm igualmente um único fim comum, Deus, cuja providência, testemunhos de bondade e planos de salvação abarcam a todos, até os eleitos se reunirem na Cidade Santa [a73] .
  • 843 “A Igreja reconhece nas outras religiões a busca, “ainda nas sombras e sob imagens”, do Deus desconhecido, mas próximo, pois é Ele quem dá a todos vida, respiração e tudo o mais, e porque quer que todos os homens sejam salvos. Assim, a Igreja considera tudo o que pode haver de bom e de verdadeiro nas religiões “como uma preparação evangélica dada por Aquele que ilumina todo homem para que, finalmente, tenha a vida”. (Parágrafos relacionados 28,856).”

Se a Igreja Católica está afirmando no Catecismo da Igreja Católica parágrafo 841 acima que existem aqueles dentro da comunidade muçulmana que podem encontrar a salvação, tornando-se cristãos e não permanecendo muçulmano, então eu concordaria. Mas, não é isso que está dizendo.

O que é preocupante é a afirmação de que “junto com a gente, eles [os muçulmanos] adoram o Deus único e misericordioso, juiz da humanidade no último dia.” Assim, os católicos e muçulmanos “adoram o Deus único e misericordioso.” Francamente, parece que a Igreja Católica Romana tem uma compreensão defeituosa do Deus do Islã.

O Islã reconhece que serve o Deus de Abraão, Isaac e Jacó. Mas ao fazê-lo está declarando que Abraão, Isaac e Jacob eram muçulmanos! Além disso, o Islã nega que Deus é uma Trindade.

  • “São blasfemos aqueles que dizem: Deus é um dos três em uma Trindade: pois não há divindade alguma além do Deus Único. Se eles não desistirem de sua palavra (de blasfêmia), em verdade um doloroso castigo cairá sobre os blasfemos entre eles,” (Quran 5:73, Yusuf Ali).
  • “São blasfemos aqueles que dizem: Deus é um da Trindade!, portanto não existe divindade alguma além do Deus Único. Se não desistirem de tudo quanto afirmam, um doloroso castigo açoitará os incrédulos entre eles,” (Quran 5:73, Pickthal).

Uma vez que a Trindade é a verdadeira doutrina bíblica de Deus, como podem os muçulmanos, que negam a Trindade, “adorarem o Deus único e misericordioso”? Eles não podem. Além disso, no cristianismo, Jesus é de natureza divina (João 1: 1,14Cl 2: 9). No entanto, o Alcorão afirma que Jesus não é divino:

  • “São blasfemos aqueles que dizem: Deus é o Messias, filho de Maria. Dize-lhes: Quem possuiria o mínimo poder para impedir que Deus, assim querendo, aniquilasse o Messias, filho de Maria, sua mãe e todos os que estão na terra? Só a Deus pertence o reino dos céus e da terra, e tudo quanto há entre ambos. Ele cria(350) o que Lhe apraz, porque é Onipotente ” (Quran 5:17, Pickthal).

” Os judeus dizem: Ezra é filho de Deus; os cristãos dizem: O Messias é filho de Deus. Esse é o seu dizer com suas bocas. Eles imitam o provérbio dos incrédulos. Allah (ele mesmo) lutará contra eles. Como são perversos!” (Quran 5:30, Pickthal)

Obviamente, os muçulmanos não adoram o único e verdadeiro Deus misericordioso, porque eles servem a um falso deus. Eles negam a Trindade e a divindade de Cristo. Simplesmente, eles negam o verdadeiro Deus e não serão capazes de adorar o Deus verdadeiro, enquanto acreditarem nos falsos ensinamentos do Islã. Portanto, o parágrafo do CIC  841 não pode estar correto.

Matt Slick

Matt Slick é o presidente e fundador do Christian Apologetics and Research Ministry. Formado em Ciências sociais pelo Concordia University, Irvine, CA, em 1988. Bacharel em ciências da religião e mestre em apologética pelo Westminster Theological Seminary in Escondido, Califórnia