Catolicismo

A visão Católica Romana da justificação

Por Matt Slick– Tradução David Brito

A justificação é um ato divino onde Deus declara o pecador inocente de seus pecados. É uma ação legal em que Deus declara o pecador justo, como se tivesse cumprido a Lei de Deus. Esta justificação baseia-se inteiramente sobre o sacrifício de Cristo pelo Seu sangue derramado: “… Agora, sendo justificados pelo seu sangue,.” (Rm. 5: 9) .

1- A justificação é um dom da graça de Deus (Rm 3:24Tito 3: 7) que vem por meio da fé (Rm 3:285: 1) .

2- Cristãos recebem Jesus (João 1:12) e colocam a sua confiança cheia de fé no que Jesus fez na cruz (Isaías 53:12, 1 Pe. 2:24) e ao fazê-lo são justificados por Deus. A Bíblia declara que a justificação não é pelas obras (Romanos 3:20284:5Ef 2: 8-9.) Porque as nossas justiças são como trapo da imundícia diante de Deus (Isaías 64: 6). Portanto, somos salvos pela graça, por meio da fé, em Cristo somente.

Aqueles que são justificados são salvos e salvação é um dom gratuito (Rm 6:23.) – Algo que não merecemos (Ef 2: 1-10.). No entanto, a doutrina católica romana nega a justificação pela fé e diz:

  • “Se alguém disse, que pela fé o ímpio é justificado; de tal modo como para dizer, que nada mais é obrigado a cooperar a fim de o obter a graça da justificação, e que não é de forma alguma necessário, que ele esteja preparado e disposto pelo movimento de sua própria vontade; seja anátema “(Concílio de Trento, Cânones sobre a justificação, Canon 9).
  • “Se alguém disser que o homem é absolvido de seus pecados e justificado, porque ele seguramente acredita que foi absolvido e justificado; ou, que ninguém é verdadeiramente justificado, mas aquele que acredita ser justificado; e que somente com esta fé, a absolvição e a justificação são efetuadas; seja anátema “(Canon 14).

Anátema, “de acordo com a teologia católica significa excomunhão”, a exclusão de um pecador da sociedade dos fiéis. A palavra grega, um anátema, também é traduzida como “maldito” (Rm. 9:3Gl. 1: 8-9,) “eternamente condenado”, e “amaldiçoado” (Rm. 9: 3). Podemos ver que a teologia católica romana pronunciou uma maldição de excomunhão, de estar fora do arraial de Cristo, se você acredita que somos salvos pela graça através da fé em Jesus.

Será que a Igreja Católica Romana especificamente declara que estamos “salvos pela graça e obras”?

Não que eu esteja ciente e nem os Cânones da igreja católicas declara tal coisa. Mas, quando a Igreja Católica Romana nega a justificação pela fé, isso implica necessariamente que temos de fazer algo para a justificação, pois se não é somente pela fé, então tem que ter algo mais de só a fé.

Neste ponto, muitos católicos apelam para Tiago 2:24 que diz: “Você vê que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé.” Mas o contexto de James está falando de fé morta ao invés da fé salvadora. Tiago afirma que se “disser” você tem fé, mas não tem obras (Tiago 2:14), que esta fé não pode salvá-lo, porque é uma fé morta (v. 17). Em outras palavras, não passa de um mero conhecimento intelectual de Cristo, é uma fé morta que não produz regeneração e nenhuma mudança na vida de uma pessoa. Esta fé não justifica. Pelo contrário, é apenas a fé real em Cristo que resulta em justificação. Quando alguém é verdadeiramente justificado, ele é verdadeiramente salvo e regenerado. A verdadeira fé produz boas obras, mas não são essas obras que salvam. As boas obras são o efeito da salvação, não a sua causa. Certamente as obras não salvam e nem ajudam a manter a salvação. Para mais detalhes, veja o artigo ;  Somos salvos pela fé, ou precisamos das obras também?

A teologia protestante, como um todo, apela somente à Bíblia para a verdade espiritual e sustenta que a justificação não é pelas obras em qualquer forma, mas é pela graça mediante a fé em Cristo e Seu sacrifício. Afinal, a Bíblia diz: “Porquanto, se é pela graça, já não o é mais pelas obras; caso fosse, a graça deixaria de ser graça” (Rm. 11: 6). Além disso, a Bíblia diz:

Portanto, ninguém será declarado justo diante dele confiando na obediência à Lei, pois é precisamente por meio da Lei que chegamos à irrefutável conclusão de que somos todos pecadores. Justificados pela fé em Jesus” (Rm. 3:20).

sendo justificados gratuitamente por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus,” (Rm.3:24).

Concluímos, portanto, que o ser humano é justificado pela fé, independentemente da obediência à Lei!” (Rm 3:28).

Entretanto, o que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça,” (Rm. 4:3).

Porém ao que não trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é contada como justiça,” (Rm. 4:5).

Porque não foi pela lei que veio a Abraão, ou à sua descendência, a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo, mas pela justiça da fé,” (Rm. 4:13).

“Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo,” (Rm. 5:1).

Logo muito mais, sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira,” (Rm. 5:9).

Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo,” (Rm. 10:9).

“para que aos gentios viesse a bênção de Abraão em Jesus Cristo, a fim de que nós recebêssemos pela fé a promessa do Espírito,” (Gl. 3:14).

Porquanto, pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef. 2:8).

Fico perplexo quando leio que a teologia católica nega a justificação pela fé e requere esforço humano além da graça de Deus para se obter a salvação. Claro, O catolicismo nega que são as obras que nos salvam, e com razão. Mas, ela se contradiz quando ensina que certas coisas devem ser feitas a fim de ser justificado e para manter essa justificação. Quer ou não o catolicismo evoca essas obras para a salvação. O rótulo não muda a substância. Ou nós somos salvos pela graça através da fé, ou não somos.

Dos atos a serem praticados pelos católicos para a justificação, o batismo é o primeiro requisito. Por favor, considere estas citações:

  •  ” . . O Batismo é o primeiro e principal sacramento do perdão dos pecados, porque nos une a Cristo morto por nossos pecados, ressuscitado para nossa justificação, para que “também vivamos vida nova” (Catecismo da Igreja Católica, par. 977).
  • “A justificação nos foi merecida pela Paixão de Cristo e nos é concedida por meio do Batismo. Faz-nos conformes à justiça de Deus, que nos torna justos. Tem como meta a glória de Deus e de Cristo e o dom da Vida Eterna. É a obra mais excelente da misericórdia de Deus,” (CIC, par. 2020).

Eu não vejo a Bíblia dizer em nenhum lugar que fomos justificados pelo batismo. Sim, há versos que podem ser interpretados dessa maneira, mas se fossem, eles estariam em contradição com o ensino claro de Rm 3:20284: 3,5:1Ef. 2: 8, que diz que a salvação é pela graça mediante a fé – não a graça por meio da fé e batismo.

No entanto, de acordo com o Catolicismo Romano, até mesmo a fé e o batismo não são suficientes em si mesmos para que você possa ser salvo

Ela diz que o batismo é apenas o primeiro sacramento do perdão. As boas obras, de acordo com o Catolicismo Romano, também são necessárias e são recompensadas com o céu:

“Podemos esperar, pois, a glória do céu prometida por Deus aos que o amam e fazem sua vontade. Em qualquer circunstância, cada qual deve esperar, com a graça de Deus, “perseverar até o fim” e alcançar a alegria do céu comi recompensa eterna de Deus pelas boas obras praticadas com graça de Cristo. Na esperança, a Igreja pede que “todos ó homens sejam salvos” (1Tm 2,4). Ela aspira a estar unida a Cristo, seu Esposo, na glória do céu,” (CIC, par. 1821).

A citação acima afirma claramente que o Céu é a “recompensa eterna para as boas obras realizadas com a graça de Cristo.” A teologia católica afirma que as obras são um predecessor para a justificação em contradição direta com a Palavra de Deus que diz “… Que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei,” (Rm. 3:28). Quais são as obras da lei? Tudo o que fazemos na esperança de obter ou manter a nossa justiça diante de Deus.

No Catecismo da Igreja Católica (CIC), par. 2010, diz,

“Movidos pelo Espírito Santo e pela caridade, então podemos merecer para nós mesmos e para os outros as graças necessárias para a nossa santificação”.

PERGUNTA

Como é que alguém obtem mérito por si mesmo pela bondade imerecida da graça de Deus? A graça é, por definição, favor imerecido. Para mim, este é um ensino totalmente falso de que você pode ganhar a graça de Deus através de obras ou rituais. Então como é que a Igreja Católica contorna este aparente dilema que a graça é imerecida, mas é obtido por meio de nossos méritos? Ela afirma que. . .

” A graça santificante é o dom gratuito que Deus nos faz de sua vida, infundida pelo Espírito Santo em nossa alma, para curá-la do pecado e santificá-la,” (CIC, par. 2023).

Este é o cerne do problema. Teologia católica romana afirma que a graça de Deus é concedido por meio do batismo e infundido em uma pessoa pelo Espírito Santo. Isso, então, permite que ele ou ela possa fazer boas obras, que, em seguida, são recompensados com o Céu. Basicamente, isso não é diferente da teologia das seitas que mantêm que a justificação é pela graça mediante a fé e suas obras, seja batismo, indo para “a igreja verdadeira”, mantendo certas leis, receber os sacramentos, ou qualquer coisa que voce seja obrigado a fazer. Em resposta, dirijo-me a Palavra de Deus em Gl.3:1-3:

Ó gálatas insensatos! Quem vos enfeitiçou? Ora, não foi diante dos vossos olhos que Jesus Cristo foi exposto como crucificado? Quero tão-somente que me respondais: Foi por intermédio da prática da Lei que recebestes o Espírito Santo, ou pela fé naquilo que ouvistes? Estais tão enlouquecidos assim, a ponto de, tendo começado pelo Espírito de Deus, estar desejando agora vos aperfeiçoar por meio do mero esforço humano?

A escritura acima não está afirmando que receber o Espírito de Deus é pela fé e não pelo que fazemos? Não está claro que ensina que não podemos aperfeiçoar a nossa salvação pelas obras que fazemos na carne?. Receber Jesus (João 1:12) significa tornar-se o templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19.) O que significa que uma pessoa é salva e justificada. É esta salvação que alcançamos através do nosso esforço? Claro que não! É algo que mantemos através do nosso esforço? De modo nenhum! É dado  e assegurada aos cristãos por Deus  porque se baseia no que Deus tem feito e não em qualquer coisa que tenhamos feito – é por isso que a salvação é pela fé e não obras. Se de alguma forma fosse por nossas obras, então a nossa salvação não poderia ser assegurada, e nós iriamos passar toda a nossa vida tentando ser bons o suficiente para chegar ao céu. Isso nos levaria de volta à servidão da lei, e o resultado é uma falta de certeza da salvação, uma preocupação constante de que você não é bom o suficiente, e uma sujeição aos ensinamentos e os requisitos da igreja sobre o que você deve fazer para ser salvo. O único efeito natural de tal ensinamento seria de que você pode perder sua salvação e que você deve executar os requisitos necessários da Igreja Católica para mantê-la.

Teologia Católica ensina você a manter sua justificação

Porque a visão católica da justificação é um esforço cooperativo entre Deus e o homem, esta justificação pode ser perdida e recuperada pelo fracasso do homem para manter a graça suficiente através de obras meritórias. Agora devo admitir que, dentro de igrejas protestantes existem opiniões diferentes sobre este assunto. Alguns acreditam que a salvação pode ser perdida, enquanto outros não. Não estou aqui tentando resolver esta questão. Em vez disso, eu procuro ressaltar que o catolicismo romano ensina que as obras são necessárias para o “reobter” a justificação. É assim que funciona…. . .

De acordo com a teologia católica, a penitência é um sacramento em que uma pessoa, por meio de um padre católico (CIC, par. 987), recebe o perdão dos pecados cometidos após o batismo. A pessoa penitente deve confessar seus pecados a um padre. O sacerdote pronuncia a absolvição e impõe atos de penitência a serem executados.

“Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os membros pecadores de sua Igreja, antes de tudo para aqueles que, depois do Batismo, cometeram pecado grave e com isso perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial”. E a eles que o sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de converter-se e de recobrar a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como “a segunda tábua (de salvação) depois do naufrágio que é a perda da graça,” (CIC, par. 1446).

O Concílio de Trento (Seção. XIV )faz a seguinte declaração a respeito Penitência:

Como um meio de ganhar a graça e a justiça, a penitência foi em todos os momentos necessária para aqueles que haviam contaminado suas almas com qualquer pecado mortal. . . .”

Atos de penitência variam, mas alguns deles são; rezar o rosário, ler as escrituras, rezar várias vezes o “pai nosso” ou “ave Maria” boas obras, jejum, etc. Ao fazer esses atos de penitências que o penitente, segundo a Igreja Católica recupera o seu estado de justificação diante de Deus? Estou surpreso ao pensar que eles são ensinados a acreditar que por suas obras de penitências a justificação pode ser recuperada. Na essência, ele está ganhando a salvação. Pense nisso:

Se você não tem a justificação, e ao fazer rezas, jejum, e / ou boas obras, você a re obtém novamente, então você é culpado de “obras de justiça”, que é condenado pela Bíblia. “Obras de justiças” significam que uma pessoa se empenha em atingir, ou manter a sua posição com Deus com base em suas obras. Este ensino é totalmente falso.

Eu confesso meus pecados a Deus e Ele me perdoa (1 João 1: 9). Eu não preciso de um padre católico para ser  mediador do meu perdão. Eu preciso do verdadeiro mediador e Sumo Sacerdote que é Jesus. Só Ele é o meu mediador (1Tm. 2:5). Ele tem todo o poder no céu e na terra (Mt 28:18) para perdoar meus pecados e interceder por mim. Ele terminou a obra na cruz (João 19:30) para que eu não precisa executar qualquer trabalho a fim de obter, manter, ou até mesmo recuperar a minha salvação. É por isso que a Bíblia ensina que somos justificados pela fé (Rm 3:285:1), independentemente das obras.

Dizer que podemos acrescentar algo à obra consumada de Cristo na cruz é dizer que o que Ele fez não foi suficiente para nos salvar! Nós somos salvos pela graça através da fé, e não a graça por meio da fé e nossas obras. Se assim fosse, então a graça não seria graça.

“Mas se é pela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça,” (Rm. 11:6).

Relacionamento, não um Ritual

A salvação é um dom gratuito de Deus dado a nós pela Sua maravilhosa Graça e baseia-se no sacrifício de Jesus na cruz. Os cristãos recebem esta maravilhosa Graça de Deus pela fé e não pelas obras.

O que Deus deseja com o seu povo é comunhão (1Cor. 1: 9)  não rituais de justiça [obras] que não podem nos salvar.

Que Deus receba toda a glória que lhe é devida por causa de Sua  Maravilhosa Graça.

Matt Slick

Matt Slick é o presidente e fundador do Christian Apologetics and Research Ministry. Formado em Ciências sociais pelo Concordia University, Irvine, CA, em 1988. Bacharel em ciências da religião e mestre em apologética pelo Westminster Theological Seminary in Escondido, Califórnia